Jornacitec Botucatu, VII JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

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ESTUDO DE VARIÁVEIS SOCIAIS E RELIGIOSAS DO MERCADO DE CARNE HALAL VISANDO O CRESCIMENTO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
James Eduard Campos e Sant Anna, Anselmo José Spadotto

Última alteração: 2018-09-12

Resumo


O mercado de exportação de carne para os países islâmicos tem se mostrado muito importante para o agronegócio brasileiro. A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira divulgou em 2017 que a balança comercial do Brasil com as nações da Liga Árabe apresentou um saldo positivo de US$ 67 bilhões. Porém, comercializar com esses países não é somente uma questão de negócios, mas de um entendimento de questões sociais e religiosas da religião mulçumana, ou seja, do Islamismo. Esta pesquisa tem como hipótese a possibilidade de melhorar o conhecimento sobre o mercado islâmico por parte do agronegócio brasileiro. O objetivo dessa pesquisa foi melhorar a eficiência de negociação do agronegócio brasileiro frente ao mercado islâmico a partir de um conhecimento mais amplo do Halal. Para se atingir a esse objetivo foi realizada uma pesquisa qualitativa no período de 10/06/2017 até 24/06/2018 com base em Marconi & Lakatos (2010). Primeiramente, foi consultado um Sheik com larga experiência internacional que transmitiu as informações práticas necessárias à pesquisa; a partir dessa pesquisa de sondagem Spadotto (2015), seguiu-se outra exploratória Gil (2010) em revistas especializadas e sites governamentais. Os idiomas utilizados nas pesquisas foram o árabe, o inglês e o português. Os resultados dessa pesquisa apontaram um conflito entre os interesses do agronegócio brasileiro e posições sociais e religiosas do mercado islâmico. Segundo Assakawa et al. (2009), o Islamismo classifica os alimentos como permitidos e não permitidos: os permitidos ou lícitos são denominados de Halal. Trata-se, o Halal, de um método de abate e tratamento da carne que tem como uma de suas finalidades a eliminação do sangue, produto este considerado proibido. Porém, o animal que não seja insensibilizado elimina menos sangue no abate, fazendo com que a insensibilização não seja muito aceita pelos mulçumanos. Para Bridi et al. (2012), estudando o abate de frangos, o método Halal aumenta o estresse das aves e o tamanho das lesões das carcaças diminuindo a qualidade da carne. Porém, deve-se considerar a amplitude do comércio de carne Halal para o agronegócio do Brasil e do mundo. Nesse aspecto Ismalaili et al. (2018) apresenta um conceito de Halal que não é somente de abate, mas que abrange todo um processo de produção e serviços crescentes, particularmente na Malásia. Butt et al. (2017) esclarecem que as empresas que pretendem competir no mercado internacional de carne não devem subestimar as influências da religião, destacando a população mulçumana que abrange quase um quarto da população mundial. Conclui-se que estudar os conceitos Islâmicos abrangentes de Halal e métodos de insensibilização de animais no abate constitui-se em uma disciplina interessante para conjugar as necessidades sociais e religiosas com as questões de direitos dos animais, hoje amplamente divulgada no mundo. Uma posição de equilíbrio entre as questões sociais e religiosas do Islamismo e de direitos dos animais aliados ao humanismo pode melhorar a eficiência do agronegócio brasileiro.


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