Jornacitec Botucatu, VII JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

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RADIOTERAPIA INTRAOPERATÓRIA COMO OPÇÃO TERAPÊUTICA PARA REDUÇÃO DO TEMPO DO TRATAMENTO
Bianca de Fátima Pinheiro Fabri Ramos, Marco Antônio Rodrigues Fernandes

Última alteração: 2018-10-08

Resumo


A radioterapia é a modalidade médica que utiliza radiações ionizantes para destruir ou controlar o crescimento de células neoplásicas (SALVAJOLI, 2013). Os protocolos de teleterapia exigem múltiplas sessões com irradiação de grande volume tecidual pré e circunvizinho ao leito tumoral, além disso, as doses radioterápicas nesta modalidade são fracionadas o que exige o deslocamento dos pacientes por um período mais prolongado (cerca de 25 a 35 sessões) de tratamento aumentando os custos dos sistemas públicos de financiamento dos tratamentos (KHAN; GIBBONS; SPERDUTO, 1998). Entre as variadas formas de radioterapia destaca-se a Radioterapia Intraoperatória (IORT), por ser uma técnica de irradiação especial que permite a administração de uma alta dose em uma única fração durante procedimento cirúrgico, sendo empregada isoladamente ou como técnica de boost (complementação de dose) (BROMBERGI, 2007).  Como na IORT o paciente recebe uma única dose de radiação no momento da cirurgia, isto minimiza os transtornos com deslocamento e custos (VERONESI  et al., 2010; ESPOSITO et al., 2015). A técnica de Radioterapia Intraoperatória tem sido apresentada na literatura como importante modalidade para controle local da lesão minimizando os efeitos biológicos secundários da radioterapia, no entanto, a implantação de serviços de Radioterapia Intraoperatória requer equipamentos e dispositivos adequados para os procedimentos especializados que devem ser incrementados na rotina do serviço de radioterapia (MANUEL, 2004). O uso da técnica de IORT ainda não é largamente aplicado, em parte devido à falta de estudos que demonstrem claramente a sua viabilidade financeira frente ao cenário econômico realçado pelas políticas de saúde no Brasil. Os centros especializados que atualmente empregam a IORT são todos particulares e não assistem os pacientes oriundos dos sistemas públicos de saúde. Neste trabalho, foi realizada uma análise quantitativa dos custos de implantação de um serviço de IORT. A pesquisa se desenvolveu junto aos fabricantes dos dispositivos e acessórios necessários para a realização da IORT, bem como através de informações colhidas com especialistas da área de radioterapia em atuação nos diferentes serviços do país. Os resultados preliminares mostraram que menos de 20% dos serviços de radioterapia do Brasil realizam a técnica de IORT. A grande maioria deles utilizam aceleradores lineares clínicos, nos quais são adaptados cones localizadores com diferentes diâmetros para a liberação dos feixes de elétrons de megavoltagem. Normalmente a IORT é realizada em uma única fração com dose média de 20 Gy e feixes de elétrons de 6 MV de energia. O custo para implantação de um serviço de IORT envolve a construção de dependências cirúrgicas dentro do serviço de radioterapia, além da aquisição dos acessórios para a prática da IORT, e, portanto, é bastante elevado. Levantamento feito nesta pesquisa aponta que estes custos giram em torno de R$ 300.000,00, isto sem considerar o custo de aquisição de um acelerador linear, estimado em U$ 1.100.000,00. O grande benefício da técnica é o fato de que o paciente não precisa se deslocar para o tratamento durante cerca de 30 sessões, o que contribui para minimizar a demanda de pacientes nos serviços de radioterapia, aliviando as grandes filas de espera pelo tratamento.

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina de Botucatu sob parecer nº 1.089.275.


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