Jornacitec Botucatu, VI JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

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ASPECTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DO ABSCESSO ESPLÊNICO – RELATO DE CASO
Shayra Peruch Bonatelli, Maria Jaqueline Mamprim, Alexandra Frey Belotta, Carmel Rezende Dadalto

Última alteração: 2017-10-11

Resumo


INTRODUÇÃO

Abscessos esplênicos são raros e, tanto na Medicina quanto na Veterinária, há poucos casos relatados (SPRADA et al., 2015). A aparência ultrassonográfica é variável, geralmente caracterizados por uma cavidade preenchida por fluído de ecogenicidade variável, mas também podem ter aparências complexas não sendo possível de se diferenciar de hematomas e neoplasias somente pelo aspecto ultrassonográfico (HECHT e MAI, 2015). O presente trabalho relata um caso de abscesso esplênico em cão e suas características de imagem ultrassonográfica.

RELATO DE CASO

Cão, da raça Poodle, com 15 anos de idade, macho, atendido no hospital veterinário com queixa de apatia, anorexia, fraqueza e polidipsia. O paciente havia passado por procedimento cirúrgico de correção de enventração da bexiga e alças intestinais secundária a um trauma automobilístico 20 dias antes do início dos sinais clínicos. O hemograma revelou leucocitose por neutrofilia. Os exames bioquímicos apresentaram-se dentro dos padrões da normalidade. Ao exame ultrassonográfico o paciente apresentou imagens esplênicas com dimensões habituais, parênquima hipoecogênico e presença de estrutura com cápsula hiperecogênica, formato arredondado e conteúdo fluído heterogêneo, medindo 4,50cm x 4,68cm. Outros achados incluíram hiperecogenicidade de peritônio/mesentério, discreta quantidade de líquido livre em cavidade abdominal e presença de moderado aspecto pregueado em alguns segmentos de alças intestinais, indicando a presença de peritonite. O paciente foi submetido a esplenectomia, onde foi confirmado o diagnóstico de abscesso esplênico. 15 dias após o procedimento cirúrgico o paciente apresentava-se em boas condições clínicas, sem alterações bioquímicas e hematológicas.

DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

Os abscessos esplênicos são de ocorrência rara e provocam sinais clínicos inespecíficos, o que torna desafiador o diagnóstico preciso (ABDALLETIF et al., 2015). Na maior parte dos casos de abscessos esplênicos já relatados, os pacientes acometidos eram imunocomprometidos ou com histórico de corpos estranhos perfurantes (ABDALLETIF et al., 2015). No presente relato, o paciente havia sido submetido a um recente procedimento cirúrgico, sendo esse um possível fator desencadeante. A aparência ultrassonográfica não é patognomônica e, muitas vezes, não é possível diferenciar de outras alterações esplênicas somente pelas imagens ultrassonográficas (NYLAND et al., 2015). A tomografia computadorizada também é uma técnica indicada para o estudo de alterações esplênicas, inclusive abscessos, entretanto tem alto custo e requer um procedimento anestésico (ABDALLETIF et al., 2015). A ultrassonografia é uma ótima ferramenta para o diagnóstico de abscesso esplênico, pois possui boa acurácia, repetibilidade, baixo custo e relativa alta sensibilidade (ABDALLETIF et al., 2015). O histórico de leucocitose e peritonite associado à presença de imagens ultrassonográficas esplênicas com estruturas ecogênicas preenchidas por conteúdo fluído heterogêneo e/ou gasoso é sugestivo de abscesso esplênico, o que torna a ultrassonografia uma técnica de imagem sensível para a detecção dessa alteração.

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