Jornacitec Botucatu, VI JORNACITEC - Jornada Científica e Tecnológica

Tamanho da fonte: 
FATORES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM A PRODUÇÃO DE BUBALINOS: REVISÃO DE LITERATURA
Michel Campos Vettorato, Jéssica Leite Fogaça, Nayara Maria Gil Mazzante, Jeana Pereira da Silva, Cristian Campos Vettorato, Ariane Dantas

Última alteração: 2017-09-20

Resumo


1 INTRODUÇÃO

Os búfalos são mamíferos pertencentes à grande família dos bovídeos, com a evolução da zoologia, estudos foram realizados e determinaram diversas modificações na sistemática e nos gêneros (MARQUES et al., 1998).

A população mundial de búfalos está estimada em aproximadamente 177. 240 milhões de animais, sendo esta, distribuída em quarenta e dois países. Deste total, cerca de 171 milhões de animais (97%) estão em países do continente asiático, destacando-se a Índia com 98,7 milhões representando 55,7% do total mundial. As búfalas são consideradas de grande importância em vários países, principalmente para o desenvolvimento socioeconômico, sendo considerado exemplo de produto sustentável, de baixo investimento inicial e de fácil adoção pelos os proprietários rurais (BRONDI et al.,  2013).

Já o Brasil é responsável por acomodar cerca de 1,2 milhões de animais, sendo esses de grande importância para o desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Prova disso é que nos últimos anos observou-se um aumento anual de 18 milhões de animais, devido aos seus produtos de alta qualidade (TONHATO et al., 2011; ANDREA et al., 2015).

O Brasil possui quatros tipos de raças que são atualmente reconhecidas pela Associação de Criadores de Búfalos (ABCB), nos quais são: os Murrah, que são manejadas para a produção de leite, sendo a sua principal característica diferenciadora, a cabeça e os chifres, além da pelagem que é totalmente preta e uniforme. Outra raça é conhecida como Jafarabadi, nos quais, as suas características são os chifres pesados e caídos. Essa raça possui aptidão mista, para a produção de carne e leite, sendo considerada a raça mais pesado dos bubalinos (MARQUES et al., 1998).

Os bubalinos conhecidos como Mediterrâneo são conhecidos como búfalos pretos ou italiano, descendentes de animais importados. É considerado um intermediário entre o Murrah e o Jafarabadi, também de aptidão mista, carne e leite, já, as raças Carabao possuem características aos bubalinos da Indochina, China e Filipinas. Esses animais possuem a pelagem rosilha, de cor castanha, com dois semicírculos na região do pescoço, denominados de “coleiras”, com pelos mais claros. Os bubalinos Carabao também possuem aptidão para carne e leite (MARQUES et al., 1998; MARQUES, 2000).

A criação de bubalinos é consideravelmente favorável e pode ser criada facilmente em áreas onde as criações de bovinos são mais difíceis, como por exemplo, em regiões alagadas onde acontece nas regiões da Ilha de Marajó. Os búfalos possuem fácil adaptabilidade aos ambientes mais inóspitos, no entanto, esses animais sofrem grande influência de fatores ambientais, como o clima e suas variações. Deste modo, tanto a produtividade quanto a eficiência reprodutiva podem ser seriamente prejudicadas, abalando os comportamentos desses animais (GONÇALVES et al., 2012). Neste aspecto, esse trabalho propôs descrever os principais fatores ambientais que influenciam a produção de bubalinos.

 

2 MATERIAL E MÉTODOS

Para a concretização deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica por meio de um levantamento teórico com fontes secundárias, livros, artigos e revistas especializadas, possibilitando assim, consolidar informações relativas à base teórica e ao tema proposto.

 

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Vários estudos estão sendo realizados visando melhor entendimento do Bem-estar-animal. Com isso, os profissionais que trabalham com produção dos bubalinos podem ter maior respaldo científico, o que permite melhor reconhecimento de situações que possam comprometer o bem-estar, bem como identificar animais que apresentem comportamentos alterados, pois o comportamento também pode influenciar na reprodução e produção animal (MOLENTO, 2005; OLIVEIRA et al., 2013).

Os bubalinos são criados principalmente em pastagens nativas de terra firme ou de terra inundável e em menor escala em pastagens cultivadas. As principais limitações que afetam a produtividade animal nas pastagens do tipo cerrado são a baixa qualidade e quantidade forragem produzida (MARQUES et al., 1998; MARQUES, 2000). Estudos clínicos da vida reprodutiva dos bubalinos vêm colaborando para melhora da qualidade de vida dos animais habitam nesses ambientes (OHASHI et al., 1984; RIBEIRO et al., 1987; RIBEIRO & VALE, 2007; BARBOSA et al, 2010).

O plano alimentar precário, como a pastagem inadequada, diminui as taxas de fêmeas ao cio, gestantes e o número de filhotes nascidos (CARVALHO, 2014). Os fatores nutricionais são importantes tanto para o estabelecimento da puberdade quanto para a manutenção da ciclicidade no pós-parto, bem como durante a gestação. Sendo assim, as condições corporais das búfalas são de extrema importância para a eficiência reprodutiva do rebanho (GARCIA, 2006).

Além de a má alimentação estar relacionada à produção dos animais, o ambiente também pode influenciar no mesmo, no caso de búfalos, o ambiente propício para criação é aquele que fornecem locais para a diminuição do calor, tais como sombra, água fresca e espaço amplo, devido ao fato desses animais serem sensíveis ao calor excessivo, proporcionando assim o estresse térmico. Considera-se que as condições climáticas ideais para o crescimento e a reprodução dos búfalos são temperatura do ar entre 13 e 18°C, associada à umidade relativa do ar média entre 55 e 65%, insolação de média intensidade e velocidade do vento entre 5 e 8 km/h (GARCIA, 2013).

Em outras palavras, os bubalinos são mais sensíveis que o bovino à irradiação solar direta e ambientes com altas temperaturas, devido à cor negra da pele, menor número de glândulas sudoríparas e maior espessura da camada da epiderme. Além disso, os bubalinos são adaptados aos climas quentes e úmidos dos trópicos e subtrópicos, devido à natureza semiaquática desses animais. Em lugares onde não haja água, a presença de sombra tem efeito significante, pois a evaporação pelo trato respiratório é um eficiente mecanismo de perda de calor nesses animais (DAMASCENO et al., 2010).

Geralmente o estresse indica uma condição adversa de ambiente e pode ser por frio ou calor excessivo, por falta de água ou alimento e devido a problemas provocados por distúrbios patológicos, tóxicos ou fisiológicos (MÜLLER, 1989). Animais em condições de estresse, ocasionados pelas causas anteriores podem provocar a perda de peso, prejudicando dessa forma o crescimento e produção animal (ENCARNAÇÃO, 1997).

Conforme Silva et al. (2010), fatores relacionados ao ambientes, como por exemplo o calor, têm influenciado na produção de leite de búfalas, necessitando adaptação do local em que residem esses animais.

Com relação às instalações para reprodução de bubalinos, é importante que o abrigo possua condições adaptadas ao clima e a higiene, pois são fatores primordiais para o melhoramento da rentabilidade da pecuária (PEREIRA et al., 1999).

Segundo Costa et al. (2008), uma técnica bastante utilizada em regiões de clima tropical é a adoção de sistemas agroflorestais, com cultivos anuais. De acordo com Castro et al. (2008) os sistemas agroflorestais são arranjos de técnicas alternativas de uso de solo, combinando espécies florestais, culturas agrícolas, atividades pecuárias e servem como barreira contra os ventos, diminuindo o estresse térmico e melhorando o desempenho animal, sendo uma alternativa estratégica para o manejo de búfalos, visando elevar seu desempenho produtivo.

 

4 CONCLUSÕES

Após o desenvolvimento teórico, foi possível identificar os principais fatores ambientais que influenciam a produção de bubalinos, tais como clima, temperatura, pastagens e ausência de água e sombra. Contudo, sistemas como os agroflorestais estão sendo adaptados para minimizar o estresse térmico desses animais especialmente acondicionados em regiões tropicais.

 

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREA, M. V. et al. Behavior of Murrah buffaloes under influence of strangers in the Milk parlor during Milk control. MVZ Córdoba. v. 20, n.3, p. 4709-4719, 2015.

 

BARBOSA, E.M. et al. Prevalence of reproductive abnormalities in the buffalo genital tract in Amazon Region, Brazil. Rev Vet, v.21, suppl.1, p.955-957, 2010.

 

BRONDI, S. H. et al. Desenvolvimento e validação do método QuEChERS na determinação de resíduos de medicamentos veterinários em leite e carne de búfalo. Química Nova. v. 36, n. 1, p. 153-158, 2013.

 

CARVALHO, N. A. T. Produção e reprodução de búfalas leiteiras na UPD de registro: Um modelo tecnológico de sucesso. Pesquisa & Tecnologia. v. 11, n. 1, p. 1-11, 2014.

 

CASTRO, A. C. et al. Sistema silvipastoril na Amazônia: ferramenta para elevar o desempenho produtivo de búfalos. Ciência Rural, v. 38, n. 8, p. 2395-2402, 2008.

 

COSTA, L. A. B. Índices de conforto térmico e adaptabilidade de fêmeas bubalinas em pastejo no agreste de Pernambuco. 2007. 52p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Universidade Federal Rural de Pernambuco.

 

DAMASCENO, F. A. et al. Adaptação de bubalinos ao ambiente tropical. Revista Eletrônica Nutritime, v. 7, p. 1370-1381, 2010.

 

ENCARNAÇÃO, R. O. Estresse e produção animal. 3ªed. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, 1997. 32 p.

GARCIA, A. R Influência de fatores ambientais sobre as características reprodutivas de búfalos do rio (Bubalus bubalis). Ciência Agrária.v. 45, n. 1, p. 1-13, 2006.

 

GARCIA, A. R. Conforto térmico na reprodução de bubalinos criados em condições tropicais. Revista Brasileira de Reprodução Animal. v. 37, n. 2, p. 121-130, 2013.

 

GONÇALVES, A. M. et al. Variáveis fisiológicas de búfalas expostas a banho após estresse térmico/main physiological buffalo exposed to heat stress after bath. Brasileira de Engenharia de Biossistemas, v. 6, n. 2, p. 54-60, 2012.

 

MARQUES, J. R. F. et al. Criação de búfalos. Brasília: Coleção Criar Plantar; 1998.

 

MARQUES, J. R. F. Búfalos: produtor pergunta a Embrapa responde. Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) – Brasília: Embrapa Comunicação para transferência de tecnologia. 2000. 176p.

 

MOLENTO, C. F. M. Bem-estar e produção animal: aspectos econômicos - revisão. Archives of Veterinary Science. v. 10, n.1, p. 1 – 11, 2005.

MÜLLER, P. B. Bioclimatologia aplicada a animais domésticos. 3ª ed. PortoAlegre: Sulina, 1989. 262 p.

 

OHASHI, O.M., VALE, W.G., SOUSA, J.S., RIBEIRO, H.F.L. Orquite brucélica em búfalo. Relato de um caso. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, Belém, PA. Anais. Belém: CRMV, 1984. p.19.

 

OLIVEIRA, J. P. F. et al. Temperamento de búfalas em sala de ordenha sobre índices produtivos e adaptabilidade ao ambiente: uma revisão. Jounal Animal Behaviour and Biometerol. v. 1, n.1, p. 21-30, 2013.

 

PEREIRA, R. G. et al. Recomendações técnicas para a criação de búfalos em Rondônia. Embrapa Rondônia-Recomentação Técnica (INFOTECA-E), 1999.

 

RIBEIRO, H.F.L., VALE, W.G., SOUSA, J.S. Orquite tuberculósica em búfalo. In: Congresso Brasileiro de Reprodução Animal, 7, 1987, Belo Horizonte. Anais. Belo Horizonte: CBRA, 1987. p.200.

 

RIBEIRO, H.F.L.; VALE, W.G. DAG defect. in Murrah buffalo bulls in Brazil. Ital J Anim Sci, v.6, suppl. 2, p.667-670, 2007.

SILVA, M. M. A. et al. Persistência da lactação em búfalas da raça Murrah (Bubalus bubalis) exploradas no agreste do Rio Grande do Norte. Acta Veterinaria Brasilica, v. 4, n. 4, p. 286-293, 2010.

TONHATO, H; CAMARGO, G. M. F; BORQUIS, R. R. A. Programa de melhoramento genético de búfalos no Brasil estado da arte. In: Anais do II Simpósio da cadeia produtiva da bubalinocultura; 2011, São Paulo, Brasil. 2011. p. 1-11.

 

 

 


Texto completo: PDF