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Turismo Valor de Exportação
Valderez Teresa Claudio Giriboni Monteiro, Alessandro Rodrigues, Linda Catarina Gualda, Eduardo Clemente Alves

Última alteração: 2015-09-25

Resumo


 

TURISMO – VALOR DE EXPORTAÇÃO

Valderez T. C. G. Monteiro1, Alessandro Rodrigues1, Linda Catarina Gualda2, Eduardo Clemente Alves3

1Graduando em Comércio Exterior, Faculdade de Tecnologia de Itapetininga, valderezmonteiro@terra.com.br

2Professora do  Curso de Tecnologia em Comércio Exterior da FATEC Itapetininga

3Professor do Curso de Tecnologia em Agronegócio da FATEC Itapetininga

 

1 INTRODUÇÃO

 

No momento em que o país aguarda um grande número de visitantes turistas para a Copa do Mundo e depois para as Olimpíadas é interessante pensar sobre o que o turismo representa para nossa economia.

Qualquer político ou economista ao se manifestar sobre o futuro do país insistem em chamar atenção para a importância das exportações para equilibrar nossa balança comercial.

Quando se fala em exportações o que vem a nossa mente são produtos ou matéria prima sendo embarcados para outros países, mas existe um produto que os países não ficam aguardando o recebimento, mas sim, vem em busca do mesmo no país produtor. Esse estranho produto se chama turismo.

 

No mundo inteiro os serviços de turismo vêm aumentando de forma acentuada, tornando esse produto um dos mais importantes setores para aumento das receitas cambiais.

Apesar do Brasil apresentar um enorme potencial para atração de turistas, o Plano Nacional de Turismo lançado pelo Ministério do Turismo em 2013 (6) apresenta dados preocupantes em relação ao saldo negativo do setor ao relatar:

“Nos últimos anos, o turismo apresentou crescentes saldos negativos na Conta Viagens Internacionais (saldo entre entrada e saída de divisas provenientes do turismo), segundo o Banco Central (BC) (2013). Isso aconteceu em função da crescente ascensão da renda interna e da valorização cambial da moeda nacional. Ocorrendo, simultaneamente, entre os anos 2003 a 2011, essas duas variáveis ocasionaram um crescimento quase exponencial do saldo negativo na conta Viagens Internacionais.

No ano de 2012, os brasileiros gastaram no exterior US$ 22,2 bilhões, e os turistas estrangeiros geraram ao país uma receita de US$ 6,6 bilhões, portanto, um déficit de US$ 15,65 bilhões.”

2 MATERIAL E MÉTODOS

Optou-se por pesquisa bibliográfica na internet usando o buscador Google e como palavras chave: turismo e exportação; turismo e receita cambial; turismo no Brasil; objetivos do turista; perfil do consumidor de turismo; motivações dos turistas;entraves ao turismo.

Foram selecionados textos de sites de órgãos governamentais de turismo, economia; notícias de jornais de grande circulação; de instituições de ensino superior de conhecida confiabilidade (USP, UNICAMP, UNESP, FGV,) e artigos de periódicos.

Os textos foram selecionados com a data de produção a partir de 2000.

 

3 RESULTADOS E CONCLUSÕES

Embora conhecido como um país de muitas belezas naturais, sem ter grandes catástrofes climáticas, sem problemas de terrorismo, o Brasil vem apresentando um déficit bastante acentuado em sua balança cambial entre gastos de brasileiros no exterior e as receitas obtidas com a vinda de turistas ao nosso país.

Assim, segundo o Ministério do Turismo em seu Plano Nacional de Turismo 2013-2016 (6), desde 2005 o país vem apresentando crescente déficit nessa balança chegando em 2012 a U$15,65 bilhões.

Os dados do Banco Central do Brasil (1) mostram esse desequilíbrio entre a entrada e saída de divisas com a atividade turística no país.

Dados sobre a evolução mensal da receita e despesa cambial turística no Brasil

Ano

Mês

2014

2015

Variação

Receita

2014/2015

%

Variação

Despesa

2014/2015

%

Jan

600

2102

568

2239

-5,27

6,5

Fev

590

1912

521

1490

-11,71

-22,07

Mar

533

1833

548

1504

2,94

-17,97

Abr

544

2340

444

1644

-18,4

-29,75

Mai

525

2259

417

1414

-20,57

-37,38

Jun

793

1997

445

1649

-43,82

-17,43

Jul

785

2408

468

1677

-40,38

-30,37

Total

4370

14851

3411

11617

-21,92

-21,78

Fonte: Banco Central do Brasil

O Correio Brasiliense de 20/09/13 (13) apresentou notícia alertando sobre a situação do turismo no País:

O rombo nas contas externas chegou ao maior nível em 11 anos e acendeu um alerta no governo. No fim de abril, o saldo negativo das transações do país com o exterior, no período acumulado em 12 meses, chegou a US$ 69,9 bilhões, o equivalente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB), nível em que normalmente esse tipo de desequilíbrio começa a causar preocupação entre os economistas. Caso os números continuem a piorar, o Brasil pode ficar bem mais vulnerável a crises internacionais.

Flávio Dino, presidente da EMBRATUR (9) também chama atenção sobre a situação do setor afirmando:

“Do cerca de um bilhão de desembarques no mundo em 2012, só 0,5% foi no Brasil. Além da recessão argentina, a crise européia e os altos custos nacionais explicam os dados. Nossos turistas estão gerando mais emprego lá fora”

OBJETIVOS DE TURISTAS AO DEFINIR DESTINOS

Os turistas em todo mundo viajam com objetivos variados e com a grande facilidade de acesso rápido a informações estão cada vez mais utilizando essas facilidades para se prepararem e escolher seus destinos.

Considerando a pirâmide de prioridades de Maslow, o produto turístico pode ser considerado como supérfluo (12) e, portanto consumido por aqueles que já conseguiram satisfazer suas necessidades básicas e daí a importância de se estudar e estimular as motivações turísticas dessas pessoas.

Dentre os interesse mais comuns dos turistas (2) pode-se citar:


Sol e praia

Ecoturismo

Cultural

Pesca

Compras

Religioso

Náutico

Aventura

Turismo rural

Turismo de pesca

Turismo desportivo

Eventos e convenções

Estudos e intercambio

Saúde


Análise do perfil dos visitantes que vieram ao Brasil em 2010 (7) revelou que:

 

  • O principal motivo da viagem foi lazer.
  • 60,2% dos turistas de lazer vieram em busca de sol e praia.
  • O gasto médio diário foi de US$ 66,26 e a permanência média no país foi de 17,2 dias.
  • 96% dos entrevistados manifestaram intenção de retornar ao Brasil.

FATORES POSITIVOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO BRASIL

O Brasil por sua extensão territorial e diversidade cultural tem um enorme potencial para a atração de turistas por oferecer várias opções para atender interesses variados: lazer de praia e sol; ecoturismo; reservas florestais e parques ecológicos; turismo de aventura; turismo rural entre os mais destacados.

Reconhecido com a maior potência do planeta em recursos naturais pelo Fórum Econômico Mundial (6) o país atrai a atenção de outros povos por sua sustentabilidade ambiental.

O crescimento econômico ocorrido na última década faz aumentar o consumo interno de turismo e o aumento da população idosa aposentada permite a melhora da ocupação das opções turísticas nos períodos não considerados de alta temporada.

A cultura brasileira é caracterizada por grande miscigenação de raças, crenças e valores tornando nosso povo muito tolerante e receptivo, o que é outro fator positivo importante na atração de turistas tanto internos quanto externos.

PRINCIPAIS ENTRAVES AO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO BRASIL

Entre os principais entraves ao melhor desempenho do setor encontra-se a alta prevalência de violência urbana; o deficitário sistema de transportes públicos; nosso precário sistema aeroportuário; preços abusivos de serviços. (2;5)

Em sua mensagem de introdução do Plano Nacional de Turismo 2013-2016, o ministro reconhece que para conseguir atingir seus objetivos o Brasil precisa melhorar sua estrutura aeroportuária; sua mobilidade urbana e capacitar sua mão de obra.

PROPOSTAS E EXPECTATIVAS PARA O SETOR TURÍSTICO BRASILEIRO

Com a realização de dois importantes mega-eventos em nosso país: Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 a expectativa de um grande desenvolvimento do turismo é muito positiva, pois o Brasil deve atender a algumas condições básicas para a realização desses eventos e com isso já estamos assistindo a grande mobilização no sentido de construir e adaptar estádios e arenas desportivas; capacitar pessoas para atender e orientar os turistas que deverão vir a esses eventos; adequar os transportes coletivos e vias de acesso; readequar nossos aeroportos para adequada recepção dessa crescente demanda.

O SEBRAE (11) considera o setor turístico como uma de suas principais prioridades, já que esse é um setor que vem apresentando crescimento expressivo em todo mundo tendo crescido cerca de 50% segundo dados da Organização Mundial do Turismo.

Visando melhor recepção dos turistas que virão ao país, o SEBRAE elaborou uma coletânea de cartilhas (10) em que aponta adaptações e avanços a serem executados nos diversos setores produtivos, além de resumir as principais características dos turistas dos países com provável maior fluxo ao Brasil nos mega eventos Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas.

Ainda nesse esforço de alavancar o turismo brasileiro, o Ministério do Turismo lançou neste ano o Plano Nacional de Turismo 2013-2016 no qual em sua manifestação de abertura o Ministro Gastão Dias Vieira afirma:

“O objetivo e a estratégia delineados neste PNT são ambiciosos. Sair da sexta para a terceira economia turística do planeta, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos, exigirá um crescimento anual médio de mais de 8% no turismo, taxa superior ao crescimento médio dessa atividade no mundo e ao próprio crescimento do nosso PIB. É um desafio que o Ministério do Turismo e o governo brasileiro assumem com satisfação, cientes de que no turismo responderá com crescimento sustentado e sustentável, redução de desigualdades regionais, inclusão social e geração de emprego e renda. Prova da pujança desse setor foi seu crescimento em 18,5% somente entre 2007 e 2011, e com a geração de quase três milhões de empregos diretos entre 2003 e 2012. As ações do PNT podem dobrar o crescimento do turismo no futuro.”

A Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo, em sua 9ª edição de 2013 (4) destaca como principais fatores que apontam para o desenvolvimento do setor nos próximos anos:

  • Retomada do crescimento da economia brasileira.
  • Estabilidade econômica.
  • Imagem política do Brasil no exterior.
  • Alta exposição do País na mídia internacional devido aos grandes eventos.
  • Aumento da demanda por viagens na nova classe média.
  • Incentivos do governo para construção de novos hotéis.
  • Expansão de eventos para cidades de médio e pequeno porte.
  • Aumento da demanda de passageiros e da taxa de ocupação de aeronaves.

O desenvolvimento econômico brasileiro é um forte fator de estímulo ao desenvolvimento do turismo interno conforme revela pesquisa em domicílios realizada em 2010 onde foram encontrados os seguintes resultados em relação a realização de viagens internas no período:

 

 

 

 

Renda familiar

em salários mínimos

Referiram viagens internas

%

1 a 4 SM

26,8

4 a 15 SM

49,0

Mais de 15 SM

67,4

 

 

Para Keedi (5) enquanto a França recebe 70 milhões de turistas por ano, nós recebemos 5 milhões e se conseguíssemos atrair 70 milhões de pessoas gastando cerca de U$ 1.000 num período de 10 dias cada uma teríamos uma arrecadação de 70 bilhões de dólares ou seja, cerca de metade de tudo o que o País deve exportar num ano!

Por todos esses fatos pode-se acreditar que o Brasil finalmente abriu os olhos para um setor econômico em que tem um enorme potencial natural e que pode representar um excelente negócio para o comércio exterior do país.

 

4 CONCLUSÕES

Para que possa haver um maior desenvolvimento do turismo no Brasil devem ser tomadas medidas fundamentais como : -melhorar a segurança para reduzir a violência urbana; melhorar as estradas ; treinamento de guias mais capacitados e bilíngues , aeroportos mais eficientes ; transporte público e serviços  de melhor qualidade .

 

 

5 REFERÊNCIAS

1)                 Banco Central do Brasil. Receita Cambial - Variação Mensal 2012/2013 - Dados sobre a evolução mensal da receita e despesa cambial turística no Brasil. Período 2012 e 2013. Disponível em: http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/estatisticas_indicadores/receita_cambial/ Acesso em 10/11/2013.

 

2)                 CNTur e SEBRAE – Perfil do Turista e dos Segmentos de Oferta. Brasília 2012.

 

3)                 Conselho de Turismo e Negócios da FECOMERCIO, A importância do turismo no Brasil e no mundo, junho 2011.

 

4)                 FGV – Ministério do Turismo - Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo, 9ª edição, 2013.

 

5)                 Keedi, S. Turismo, uma saída para a crise. Disponível em: http://www.global21.com.br/noticias/23972/1/-artigo-turismo-uma-saida-para-a-crise-samir-keedi Acesso em: 15/11/2013.

 

6)                 Ministério do Turismo – Plano Nacional de Turismo 2013-2016, Brasília 2013.

 

7)                 Ministério do Turismo, Dados do Turismo Brasileiro, Brasília 2010.

 

8)                 Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação, Segmentação do Turismo e o Mercado, 1ª edição, Brasília 2010.

 

9)                 Nery, N.; Cresce desvantagem do Brasil em turismo, Folha de São Paulo, edição de 05/05/2013

 

10)             SEBRAE - Tendências de Negócios e Perfil dos Consumidores para 2014, VOLUMES 1,2 e 3. São Paulo 2012.

 

11)             SEBRAE – Turismo no Brasil: termo de referência para atuação do sistema SEBRAE, Brasília 2010.

 

12)             Trigueiro, K. Universidade Federal de Ouro Preto, Novas tendências do consumidor de turismo na nova economia. III SETUR 2008.

 

13)             Victor, M. - Contas externas têm rombo de US$ 69,9 bilhões e deixa economia vulnerável, Correio Brasiliense, edição de 20/09/2013

 


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