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MODALIDADES DOOPLER NA ULTRASSONOGRAFIA
Jéssica Leite Fogaça, Maria Cristina Castiglioni, Michel Campos Vettorato, Jeana Pereira Silva, Marco Antonio Fernandes, Vânia Maria Machado

Última alteração: 2016-10-13

Resumo


1 INTRODUÇÃO

A ultrassonografia representa um método de diagnóstico amplamente empregado dentro da medicina para auxiliar o diagnóstico e acompanhamento de diversas desordens e doenças. Trabalhando exclusivamente com ondas sonoras de alta frequência, essa técnica utiliza ondas dentro da faixa de 50 a 20.000 quilohertz (kHz), consideradas inaudíveis ao ser humano (KEALY; MCALLISTER; GRAHAM, 2012).

Em 1942, Christian Johann Doppler elaborou uma teoria denominada de efeito Doppler, na qual descreve a alteração de frequência que ocorre com objeto em movimento em relação àsua fonte sonora ou eletromagnética (CARVALHO; CHAMMAS; CERRI, 2008). Este princípio físico permite determinar a velocidade do feixe sonoro entre a fonte e o observador, que é inversamente proporcional ao comprimento da onda e a distância fonte-observador (BRAGATO, 2013).

A ultrassonografia Doppler é uma ferramenta utilizada junto à ultrassonografia convencionalque permite avaliação vascular e hemodinâmica dos órgãos e vasos a serem estudados. No entanto, para obter um exame ultrassonográfico de qualidade, particularmente quando se emprega a técnica Doppler é necessário que o operador possua uma ampla base teoria e prática, especialmente os modos Doppler (DUARTE; GERMANO, 2014). Por este motivo, este trabalho tem como objetivo descreveratravés de uma revisão de literatura as modalidades de exibição Dopplere suas principais características quando utilizadas na ultrassonografia.

 

2 DESENVOLVIMENTO

O exame ultrassonográfico se baseia na geração das ondas de ultra-some a sua interação com as estruturas adjacentes. A emissão dessas ondas se origina por um estímulo elétrico nos cristais piezelétricos localizados dentro do transdutor, transformando a energia em vibrações e gerando as ondas sonoras. Ao colocar o transdutor em contato com a pele, as ondas sonoras percorrem os tecidosadjacentes, interagindo de acordo com densidade e índice de reflexão teciduais. Quando as ondas sofrem reflexão elas passam a ser denominadas de eco, sendo que quando captados pelo transdutor, são transformados em dados que são decodificados e transformados na imagem ultrassonográfica, permitindo deste modo avisualização em tempo real dos tecidos (SEOANE, et al 2011).

A ultrassonografia convencional é também conhecida como Modo Bidimensional (B), na qual é gerada uma imagem em escala de cinza do tecido a ser estudado, permitindo obter informações sobre o formato, limites, textura e ecogenicidade das estruturas. No entanto, essa modalidade não permite inferir sobre estado hemodinâmica dos tecidos e vasos, sendo necessário implementar a ferramenta Doppler para obter essas informações. No entanto, este exame é extremamente dependente do operador e sua aprendizagem pode ser demorada, necessitando que o radiologista se adapte com cada modo para obter uma maior acuidade diagnóstica (DUARTE; GERMANO, 2014). Atualmente existem vários modos de processamento do sinal Doppler que podem ser associados sozinhos ao modo B (sistema Duplex) ou associados com outro modo Doppler e ao modo B (sistema Triplex). Os modos Doppler são: contínuo, pulsado, colorido (Color), amplitude (Power) e tecidual, sendo que cada um permite uma avaliação hemodinâmica diferente do mesmo tecido ou vaso (OMOTO; KASAI, 1987; BRAGATO, 2013).

O primeiro modo Doppler a ser utilizado foi o de ondas contínuas,sendo atualmente encontrado apenas nos primeiros equipamentos de ultrassom. Nestes aparelhos, o transdutor possuía em seu interior apenas dois cristais piezelétricos, umresponsável por emitir a onda sonora e o outro por captar os ecos, ambos de modo contínuo. Os dados obtidos eram codificados e transformados em imagens unidimensionais, comprometendo diferenciação entre as velocidades do fluxo sanguíneo de vasos que se encontram na trajetória da onda (OMOTO; KASAI, 1987; DROST, 2014). Para superar essa limitação foi criado o modo de onda pulsado (PulsedWave Doppler), encontrado atualmente em todos os aparelhos fabricados. Nestes aparelhos, cada probe ultrassonográfica possui diversos cristais piezoelétricos localizados no seu interior, todos capazes de emitir as ondas e de receberos ecos, realizando cada etapa em momentos diferentes. Esta modalidade permite a avaliação separada de cada vaso, evitando a sobreposição encontrada no modo contínuo. Tanto o Doppler contínuoquanto o pulsado permitem a caracterização do fluxo hemodinâmico através da criação do traçado espectral. Através deste traçado é possível determinar o tipo de fluxo sanguíneo, obter valores hemodinâmicos, inferir a presença ou não de turbulência ou de outras alterações e, portanto, avaliar quantativamente o fluxo sanguíneo de um vaso ou órgão (OMOTO; KASAI, 1987; DROST, 2014).

Para avaliar qualitativamente a vascularização de tecidos e vasos foicriado o modo colorido (Color Doppler) e de amplitude (Power Doppler),sendo mais sensível a captação da vascularização no Power quando comparado ao Color. Nesses dois modos o fluxo sanguíneo é detectado e caracterizado na imagem bidimensional (Sistema Duplex), permitindo inferir qualitativamente sobre o fluxo sanguíneo em um tecido ou vaso como, por exemplo, grau de vascularização. No modo colorido o fluxo é representado pelas cores vermelha e azul que respectivamente indicam fluxo sanguíneo em direção e oposto ao transdutor. Já no modo de amplitude o fluxo é caracterizado de modo homogêneo pela cor laranja, não permitindo normalmente determinar o direcionamento do fluxo, com exceção em alguns aparelhos ultrassonográficos que permitem modificar a cor utilizada. A intensidade do fluxo é indicada em ambos os modos pela intensidade das cores, sendo que quanto mais clara for a cor, mais rápido é o fluxo e quanto mais escuro, mais lento. (MCDICKEN et al., 1992, CARVALHO; CHAMMAS, CERRI, 2008).

O Doppler tecidual éúnico modo aplicadoexclusivamente para auxiliar o exame ecocardiográfico, ao permitir a determinação da velocidade do miocárdio em um momento específico do ciclo cardíaco. Essa avaliação origina-se pela mensuração da mudança da frequência da onda refletida em um ou mais batimentos cardíacos. As informações do Doppler tecidual são sobrepostas à imagem bidimensional (ISAAZ et al., 1989; RODRIGUES et al., 2013).

 

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para realização de um exame ultrassonográfico é amplamente importante que o operador saiba manusear as diversas modalidades do Doppler existente, pois o conhecimento decada uma pode ser essencial para o manuseio do equipamento, para um exame fidedigno e para um diagnóstico eficaz.


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